Mentira
Telefonou-lhe dizendo que havia perdido o avião. Ele acreditou.
(Inicialmente).
A certeza chegou-lhe três meses depois: ela se atrasou porque se encontrara,
pela segunda vez, com R.
O encontro (I)
Sentou-se a uma mesa no canto, bem
discreta. Não queria ser visto. E também queria ser o primeiro a avistá-la
quando ela entrasse no café.
Ansioso ele estava. Seria ela tão bonita quanto parecia na fotinha do perfil?
Bondade suprema
Seu Astrogildo era um velhinho afável e dotado de grande generosidade e
muito dinheiro. Ele estava há vários meses na UTI e resolveu mostrar o
testamento aos filhos, genros e noras.
O velhinho viu tanta alegria nos olhos dos herdeiros que, quando eles deixaram
a UTI, ele não hesitou um instante em dar-lhes a felicidade esperada:
enforcou-se na mangueirinha do oxigénio.
O encontro (Fim)
Ele a viu. Primeiro, como tanto
queria. Ainda bem que o café se enchera de gente. Assim, ele pôde sair sem ser
visto.
Última oração
"Senhor, protegei-me!", rogava na cama do quarto já saudoso.
Um furacão varrera-lhe a vida. Levara-lhe os rendimentos e o amor.
Era a última oração naquele quarto. No dia seguinte, seria despejado do
apartamento.
Defesa
Passeava com o seu cachorro. Este na frente, ele atrás.
Viu quando o menino a agarrou, a bola. Era uma daquelas de plástico, preta e
branca, mimetizando a oficial.
O menino exultou. Evitara um gol!
- "Puxa, que qüeres?", perguntou ele.
- "Nada", respondeu ela.
- "Então, deixa-me dormir." E voltou a dormir.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Por favor, evite o anonimato! Mesmo que opte pelo botãozinho "Anônimo", escreva o seu nome no final do seu comentário.
Não use CAIXA ALTA, (Não grite!) isto é, não escreva tudo em maiúsculas, escreva normalmente.
Obrigado pela sua participação!
Volte sempre!
Abraços./-